Luciano Trigo com seu livro A Grande Feira trouxe importantes pontos para reflexão nos rumos das arte contemporânea. Alguns aspectos da participação de grandes corporações e ricos colecionadores, ao mesmo tempo que auxiliam no desenvolvimento da arte criam um mundo restrito para alguns poucos artistas. Deve-se considerar a posibilidade deles serem realmente os melhores e merecedores do apoio. Em referência a falta de críticos, a mim parece ser real. Os críticos ficam na periferia do assunto, falam de modo genérico sobre arte e não apontam os eventuais equívocos nas obras analisadas. Muitos deles são pagos para escever a apresentação o que contamina de modo definitivo a independência do julgamento. Os próprios órgãos de informação já não abrem espaço para manutenção de uma coluna regular para análise de exposições. Também parece ser real a hipertrofia dos curadores, que algumas vezes deixam o artista em posição secundária e nas exposições coletivas usam critérios injustos de exclusão premiando um grupo ao redor deles.
O aspecto mais contundente levantado foi a ajuda oficial a ida das galerias brasileiras à ARCO. Os critérios utilizados na escolha dos indicados não foram transparentes, não houve divulgação dos resultados obtidos com as vendas nem os benefícios incorporados para a arte brasileira.
Um reparo a ser feito foi o fato de Trigo ter se apoiado em dois pintores Gianguido Bonfanti, que faz a apresentação do livro e tal qual os críticos não aprofundou e nem revelou com clareza sua posição sobre o assunto e Gonçalo Ivo com um texto, na orelha do livro, de muito boa qualidade apóia a posição do autor. Creio se tivesse havido a participação de um artista contemporâneo e de um curador o livro seria enriquecido. Cumprimento Luciano Trigo por abordar destemidamente um tema delicado capaz de amealhar antipatias no círculo das artes. Sem trazer uma lista da bibliografia utilizada, no texto o leitor encontrará inumeras citações em que o autor se baseou para chegar às suas conclusões.
Embora discorde da desqualificação feita a Damien Hirst e Jeff Koons concordo ter a arte contemporânea, pelo volume de dinheiro emvolvido, passou a interessar a grandes empresas, tal qual os esportes e algum tipo de literatura, interferindo de maneira indubitável em seu rumo. Recomendo a leitura do livro por sua real contribuição a divulgação de fatores influenciadores no aparecimento de novos ícones da arte de nosso tempo